terça-feira, 18 de dezembro de 2007

CHOQUE DE ORDEM I

Todos falam em choque de ordem, mas o que será isso ?
Uma pergunta que fica meio que sem resposta. Fica sem resposta porque a partir do raciocínio de cada um, existirá um entendimento diferenciado para a referência " choque de ordem ". Choque de ordem não é necessariamente dar ou executar um ordenamento nos setores mais deficientes na Cidade do Rio de Janeiro. Choque de ordem é também mexer e remexer no cotidiano das pessoas, quer de bem ou marginais.
Existe uma classe de pessoas que devido ao seu poder de penetração na mídia ou por influência político social querem demonstrar saber o que é choque de ordem mas com a forte convicção de que esse fenômeno deve ser estudado e encarado como problemas, única e exclusivamente, sociais.
Quem são eles para determinar isso ? Um choque de ordem vai além de um simples problema social, pois ele tem de ser instalado desde o momento do nascimento do novo cidadão e ir até a idade mais avançada que esse possa atingir, passando por várias e mais adversas situações.
Uma dessas situações é sobre o controle de natalidade não só no Estado mas no País inteiro. Num País em que o salário mínimo é uma verdadeira miséria e que mal dá para uma pessoa se sustentar, como é que se vai casar e ter, depois, mais de dois filhos ?
Alguém nessa família irá sofrer ou ficar em falta de alguma coisa. Quem será ? Os filhos, é lógico.
Quando um casal tem seu primeiro filho a primeira coisa que fala é: "não vai faltar nada para o meu filho !", mas na verdade o que acontece na realidade não é isso. Nem sempre falta nada para o filho, mas o pai é obrigado a fazer coisas para que isso aconteça e coisas, às vezes, que não são comuns em uma pessoa de bem.
Indo da criação de dívidas, que não consegue pagar, até, possivelmente, pequenos furtos ou até mesmo assalto pensando em sobrepor as necessidades que um casal com filhos exige.
Alguns podem estar pensando que estou radicalizando, mas minha resposta é: "não sejamos hipócritas em não pensar nisso !". Basta apenas fazer algumas contas e veremos que isso é real e não tem como mudar a matemática.
Faça uma conta rápida. Pegue um papel e uma caneta e faça as seguintes contas: coloque o valor de um café com leite e pão com manteiga. O valor deste conjunto multiplique por 30 (dias num mês); o resultado multiplique por dois ( duas refeições - almoço e janta), depois multiplique por dois novamente (duas pessoas). Você terá então o gasto com a mínima refeição, para duas pessoas, num período de 30 dias. Ao resultado some um valor irrisório de alguel de uma simples kitnet (dois cômodos - sala e banheiro interno). Esse valor de aluguel deve estar em torno de R$ 250,00. Após esse cálculo, acrescente R$ 20,00 de luz (valor mínimo). Depois acrescente R$ 33,98 referente à água e esgoto em faixa de consumo mínimo para duas pessoas em casa de um quarto somente. Esse resultado obtido vai ser quase o valor do salário mínimo vigente na época de sua conta, salvo não houver aumento na água e na luz.
Ou seja, com os valores obtidos mal dá para duas pessoas se sustentarem, mesmo os dois trabalhando e fazendo horas extras. Que fará se existir um filho ou mais. A coisa se complica mais ainda. Se você não quiser deixar seu filho com a avó, tia, vizinho ou babá a mãe terá que ficar em casa para cuidar dos afazeres domésticos e cuidar do filho. Piora mais ainda a situação.
Nessas contas você vê que não foram colocados valores referentes à compra de calçado, roupa ou remédios, muito menos algum alimento para fazer alguma refeição em casa.
Se pelo simples cafézinho com pão e manteiga já fica difícil, que fará se colocar toda a alimentação necessária para o sustento de duas pessoas.
Isso é ser claro quanto ao controle de natalidade e não ser hipócrita em querer provar ao contrário.
Desse ponto é que se começa um verdadeiro choque de ordem.
Toda pessoa que comprovar não ganhar, trabalhando efetivamente, quatro vezes mais que o valor de um salário mínimo "não poderá ter filhos". Choca ouvir isso. Choca muito. Mas é desse jeito que realmente começaremos a pensar no início de um "choque de ordem".
Depois virá o restante. Educação, transporte, segurança, saneamento básico e todas as demais coisas que se ouve falar todos os dias pelos políticos e os "entendedores" do que é sociedade.
Por enquanto é só isso. Leia o próximo.
Osvaldo Benvenuto

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